
Os vários comprimidos estavam começando a fazer efeito. A vista embaçava, a cabeça girava e os músculos se enfraqueceram permitindo que o corpo relaxasse sobre a cama. Cinco minutos, os seus últimos cinco minutos. Esses que mais pareciam cinco horas, devido a tudo que ela conseguiu lembrar e pensar antes que seus olhos se fechassem para sempre. Lembrou do porquê de ter feito aquilo e, com todos os seus argumentos, estava convencida de que fizera a coisa certa. Pensou que finalmente poderia sanar a dúvida que carregara consigo por tanto tempo: "Quem sentiria sua falta?"
Em fração de um segundo, foi como se estivessem retirado qualquer pensamento de sua mente. Ela se sentia cada vez mais leve, e em perfeito transe. De repente tudo ficou escuro. Foi quando, com muita força, conseguiu abrir os olhos. Ela já não era mais aquela garota. Agora ela era duas. Viu seu corpo ali, adormecido. E morto.
Sentiu um alívio de tal tamanho, a ponto de sentir uma felicidade que em vida não sentia há muito tempo. Deu um passo a frente e se olhou. Olhou seu corpo, quero dizer. Por mais incrível que pareça, não sentiu vontade alguma de voltar a ter domínio dele. Respirou fundo e saiu do quarto. Pode enxergar e ouvir todo mundo, sem que pudesse ser notada; o que, de certa forma, era muito bom. Viu a mãe cruzar a porta de seu quarto, e soltar um grito de desespero. Fechou os olhos e sorriu satisfeita. Mas não era uma satisfação maldosa, era um sentimento de missão cumprida. Chegou perto da mãe e sussurou um "Tudo ficará bem, não se preocupe". Em questão de minutos a casa já estava repleta de para-médicos, que depois de verem que nada mas poderia ser feito, colocaram a garota na ambulância e foram embora. A família estava inconsolável, e em nenhum momento sentiu que tivesse feito a escolha errada. Ela sabia que eles ficariam bem.
Viu pegarem o telefone e discarem um número. Num piscar de olhos estava naquele quarto, sentada na beira da cama dele, o observando escrever sob um papel, na escrivaninha branca. Involuntariamente sorriu; o telefone tocou e ela já sabia da notícia que lhe seria dada. Ele atendeu e a reação, bem, a reação era a que ela não esperava. Foi pior que a reação da família. Mil vezes pior. Agora sim ela começara a repensar no que havia feito, mas nada que a fizesse se culpar. Em frente ao desespero do garoto, ela se aproximou e passou a mão por entre seus cabelos e soltou um "Eu te amo". Mas ele não podia ouvi-la e nem senti-la. No dia seguinte, com todos naquela sala fria e o que antes era seu corpo, a garota pode presenciar toda a cena. Ela realmente estava muito bonita, ou melhor, haviam-na deixado realmente bonita. Ela podia sentir o que cada um ali sentia por dentro. Mas quando se aproximou dele, pode notar quem realmente estava sentindo mais sua falta. E pode perceber também, que ele a amava mais do que ela imaginava.
*texto TOTALMENTE fictício*
Beijos e me liga pra contar do seu suicídio :*
PS: Vai dizer que você nunca quis saber quem sentiria sua falta?
PS2: Passei um tempinho fora... a inspiração não anda me visitando com tanta frequência.
PS3: Comente, deixe sua marquinha aqui ;)