Já aviso de antemão que, se você ainda não prestou o vai prestar o vestibular esse ano, é melhor que clique no "x" vermelhinho, ali, no cantinho superior direito da sua tela, tá vendo? Juro, não quero desmotivar ninguém. Só achei que seria legal vomitar aqui um pouco da angústia que foi o meu ano de 2013...
Durante os longos 11 anos de vida escolar, fui incentivada (ou obrigada, como preferirem) a dar o melhor de mim no que diz respeito apostilas, papel e caneta. Estudei minha vida toda em escola pública, sendo os três últimos anos em ETEC (Escola Técnica Estadual). Prestei o queridinho ENEM, como treineira, ao fim de 2012 e consegui aprovação no curso que eu queria, pela UFSCar. Fiquei feliz, claro. 2013 chegou e eu decidi que ainda assim faria cursinho porque, né, geralmente tudo de mais ridículo costuma acontecer comigo e eu não ficaria surpresa caso não conseguisse passar de novo. Me matriculei no cursinho pré-vestibular que a própria UFSCar oferece e lá fui eu achando que seria tudibom. Mas o que eu não sabia era que aquilo, o cursinho, seria o maior inferno temporário dos meus breves 18 anos. Não que isso tenha a ver com o cursinho em si, com os professores (que eram maravilhosos) ou com o método pedagógico; longe disso. O problema era mesmo comigo.
Comecei o ano com aquela animação que geralmente se tem em todo início de alguma coisa. Estava motivada ao nível vou-passar-em-Harvard. Um mês se foi e meu ânimo caiu para vou-passar-no-ITA. No segundo mês, dá-pra-passar-na-USP. Só sei que ao fim do primeiro semestre, meu medidor motivacional beirava o acho-que-dá-pra-conseguir-naquela-faculdade-UNIalgumacoisa. Dali para frente, passei a ser turista do cursinho e ia três vezes por semana, nas aulas de matérias nas quais a escola tinha um pouco de deficiência; e nisso, o pré-vestibular ajudou bastante.Mas o que realmente me irritava era a coisa mais óbvia sobre um cursinho: o fato de estudar um conteúdo já visto. Não sabia que estudar a mesma coisa mais de duas vezes poderia ser tão torturante assim, o que não me ajuda a entender os vestibulandos de Medicina que fazem sei lá quantos anos de cursinho. Sobre o conteúdo, apesar de ser um pouco diferente do que é ensinado em escola, tendo em vista o foco em aplicação ao vestibular, de certa forma acaba sendo massante e repetitivo. E em vários momentos durante o ano, eu me peguei observando todo aquele processo preparatório e vendo como a vida de alunos e professores pode girar em torno de uma única coisa; ou melhor, de um único dia: o do vestibular. Chega a soar paranoico, não?
Além de disso, ainda tinha a galera da minha turma. Durante um ano letivo, não consegui fazer amizade com uma pessoa sequer, e olha que eu nem sou 100% antissocial. Não sei se dei azar com a classe ou se a galera era chata mesmo. Inclusive, com base em uma pesquisa de observação, concluí que vestibulandos de Medicina (os mesmos citados ali em cima) são pessoas bastante chatas, salvo algumas exceções. Também percebi que estudar à noite não funciona comigo; eu, de fato, funciono melhor quando o sol se põe, mas isso não se aplica às salas de aula. Me lembro como se fosse hoje de todas as vezes em eu olhava o relógio, via que o horário da aula estava chegando e começava a pensar em todas as desculpas plausíveis para poder faltar sem que minha consciência pesasse; geralmente, a única eficaz era sobre a janta quentinha que eu poderia comer em casa, sob a ideia de que "eu preciso me alimentar direito".
Só sei que eu não passaria por tudo isso novamente. Mesmo se eu não fosse aprovada em nada. E a boa notícia que eu tenho é: graças a Deus, isso não aconteceu. Todo o sacrifício, ansiedade, angústia e nervos à flor da pele valeram a pena! Passei em Linguística e em Biblioteconomia, ambas pela Universidade Federal de São Carlos ( vulgo UFSCar), consegui bolsa integral para Relações Públicas na PUC-Campinas e fui aprovada em Fonoaudiologia, pela USP — meu eu motivado no início do cursinho ficou feliz com esta última aprovação. E, com base na minha escolha, informo que a pessoa que vos fala será uma futura linguista! ![]() |
(eu de bixetinha — e bastante limpinha — pra vocês) |
Beijos e me liga para contar do seu trauma pré-vestibular :*
Apesar de ter sentido bastante falta do blog no tempo que me retirei daqui, acho que valeu a pena. E também tô chateada porque agora não vou mais poder culpar o vestibular pelas minhas negligências quanto ao blog. E sobre o meu curso: "mas Yasmin, você vai fazer Lingu... O quê? O que é isso?". Acostumada com esse tipo de pergunta, posso fazer um post sobre o curso daqui a alguns meses, quando eu tiver mais propriedade do assunto. O que vocês acham?
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