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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Sempre, sempre, sempr...


      Talvez se eu fosse menos sã; menos terrena, menos serena. Talvez se o mundo fosse outro e as pessoas fossem outras e a rotina fosse outra e a vida fosse outra. Talvez assim, quem sabe?
    Talvez se eu seguisse o meu caminho sem desviar pelas beiradas, não acabaria naquele mesmo beco de sempre. Talvez se eu não sentisse que meu coração não me pertence e que ele quer, a todo custo, sair pela boca e voltar pro peito de quem nunca deveria ter saído, talvez.
     Talvez se eu não insistisse em tomar sempre o mesmo café, na mesma xícara, no mesmo horário e nos mesmos dias. Talvez se eu não usasse as mesmas botas quando chove, o mesmo cachecol quando esfria e o mesmo biquíni quando vou à praia. Talvez assim, quem sabe?

Juuump.  | via Tumblr
     Talvez se eu não respondesse sempre a mesma coisa quando me perguntam sobre o que eu fiz pela manhã ou pela tarde ou ontem ou ano passado. Talvez se eu perdesse a mania doida de conferir duas vezes se todas as luzes da casa estão apagadas antes que eu me deite. 
     Talvez se eu deixasse de namorar o mesmo casaco de sempre na vitrine e, finalmente, comprasse-o ao invés de gastar dinheiro sempre com as mesmas coisas. Talvez se eu não mascasse o mesmo tipo de chiclete, usasse toda semana a mesma cor de esmalte ou não ouvisse sempre a mesma música. Talvez assim, quem sabe?
     Talvez se eu não visitasse sempre os mesmo animais quando vou ao zoológico. Ou se, antes de sair de casa, eu não traçasse mentalmente sempre as mesmas rotas para qualquer lugar que eu vá. Talvez se eu não usasse o mesmo palavrão de sempre ou não dormisse sempre de bruço.
     Talvez se eu não usasse sempre o mesmo guarda-chuva em todas as vezes que chove no mesmo setembro de todo ano. Talvez se eu não insistisse em manter o mesmo livro na minha cabeceira desde quando o li pela primeira vez há, sei lá, uns 5 anos. Talvez se eu não fizesse coleção de livros do mesmo autor e tentasse ler, talvez, Paulo Coelho. Talvez assim, quem sabe?
     Talvez se eu não comprasse sempre a mesma caneta para usar no mesmo bloco de notas; talvez se eu não sentasse sempre na mesma mesa quando vou ao mesmo restaurante de sempre e peço o mesmo prato que peço há quase 10 anos, alegando que eu apenas "adoro macarrão". Talvez assim, quem sabe?
     Talvez se eu decidisse deixar de ser apenas protagonista e me promovesse a roteirista da minha própria vida. Talvez assim, quem sabe, minha história trocasse de gênero.

Beijos e me liga para contas das suas mesmices :*

Meu perdão a quem é amante das rotinas. Ah, e o texto é mais fictício do que real, afinal, eu nem gosto tanto assim de macarrão.

19 comentários:

  1. Mto bom o seu texto :)


    diariodeuma-et.blogspot.com.br

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  2. O texto é lindo, me fez pensar "Poxa, é muito talvez pra uma vida tão curta" eu não sei, procuro me afastar dessas coisas que fazem a gente se perguntar "e se?" "e talvez" o que aconteceu está feito, o que não aconteceu também não me cabe, eu sou aqui e agora e vivo aqui e agora, sou impulsiva demais também, deve ser isso. rsrs

    Ótimo texto, querida. Bjs
    www.eraoutravezamor.blogspot.com
    www.semprovas.blogspot.com

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  3. A gente sempre acaba caindo na rotina, fazendo as mesmas coisas, as vezes por isso a vida fica um pouco sem graça, é sempre preciso mudar, nem que seja uma pequena coisa no dia a dia, como até mesmo trocar a cor do esmalte, de pouco em pouco a gente pode ir mudando a rotina.

    adorei o texto, bjs

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  4. Blog encantador. Também quero ser jornalista! Quem sabe a gente não se esbarra por aí na profissão?
    E sim, fiquei curiosa em relação ao nome do blog. Estou na fila. rs

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  5. Talvez se eu não tivesse relido esse texto sã eu não choraria de novo.
    A rotina é viciante e é muito difícil sairmos dela.
    Talvez se amanhã o dia amanhecer diferente tudo mude.
    Lindo texto!

    Beijos

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  6. Talvez se eu não tivesse vindo aqui e me apaixonado pela tua escrita e pelo teu coração bonito eu não estaria abobalhada com esse blog lindo! Seguindo pra sempre, tem como? rs Texto lindo viu? Beijo :*

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  7. "Talvez se eu perdesse a mania doida de conferir duas vezes se todas as luzes da casa estão apagadas antes que eu me deite." - o nome disso é TOC e quase pulei da cadeira quando li. Você estava falando de mim! Rs
    TOC à parte, estou pensando em como colocar em um comentário O QUANTO EU ADOREI seu texto sem soar muito puxa-saco. Mas acho que eu já soei puxa-saco. Mas eu não me importo, pq o texto está muito, muito bom mesmo, e puxa-saquices do bem são bem-vindas.
    Bjão!

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  8. Me identifiquei com diversos pontos do texto pois eu sou mto de fazer sempre as mesmas coisas, tenho um medo de mudar. Ultimamente confesso que estou tentando "me permitir" mais, se tornou um lema pra mim, essa coisa de me permitir. Funciona. Mas ainda tenho mto o que mudar.
    Aos poucos a gente vai tomando as rédeas da nossa vida de volta, dando o rumo que queremos a ela. Afinal, nem duramos muito tempo mesmo, então vamos fazer o melhor!

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  9. Às vezes mudar é preciso! E não precisa de atitudes "radicais" para ver pequenas mudanças! ;]

    Bjo

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  10. Acho que você não deve ler Paulo Coelho.
    Hahah
    linda, você esquece magnificamente bem.
    adorei o texto. tô afim de mudar e não sei como. acho que me ajudou.
    bjbj

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  11. eu não gosto de mesmice também, desde pequenininha, mas só fui perceber isso depois que saí da escola.
    "o que fazer?" eu me perguntava, tu me perguntavas, ele me perguntava, nós (...) todo mundo que se forma no bendito ensino médio tem essa pergunta na cabeça, por mais que não goste dela. não digo só de faculdade, mas simplesmente O QUE FAZER?
    era tão óbvio, durante 8 ou mais anos acordar, se arrumar, ir pra escola e tipo, dane-se o que a gente fazia depois da aula. ir pra escola era o que a gente fazia.

    - qual sua profissão? - perguntava o médico, a secretária, a moça da recepção...
    - estudante.

    era tudo tão garantido.

    comigo foi assim. saí da escola e me senti desamparada. não tinha nada em mente. e durante 2 anos fiz coisas totalmente diferentes, como por exemplo, trabalhar numa farmácia e fazer aulas de história da arte.

    aí é que eu me identifico com seu texto: em nenhuma dessas duas coisas eu fiquei até o fim. fiz outras coisas também, mas sempre parava "ai, tá muito parado, é sempre a mesma coisa, cansei".

    mas uma coisa devo discordar do que você disse no final: eu AMO macarrão!

    www.pe-dri-nha.blogspot.com

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  12. te indiquei numa tag! depois vê lá ;)
    http://pe-dri-nha.blogspot.com.br/

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  13. Mesmice incomoda, mas acabamos caindo nela sem nem perceber. Talvez seja melhor tentar se libertar ;)

    Beijos
    www.procurei-em-sonhos.com

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  14. Oi *-*
    Texto lindo, como sempre!
    Te indiquei em uma tag lá no meu blog,
    Espero que goste,
    Beijinhos,
    Nati,
    http://nataliascholze.blogspot.com.br/

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  15. A tal da rotina é chata mesmo, ainda mais quando há regras que não nos deixam mudar a maior parte dela, e muito, muito mais quando não tentamos mudar o restante. O ser humano se acostumou com a mesmice. Porque, como disse minha professora de português, o ser humano é o animal com maior capacidade de se adaptar, até mesmo a uma vida medíocre.
    sete-viidas.blogspot.com

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  16. não sei se gosto ou não da rotina. gosto do que é seguro no final das contas.
    »»» Emilie Escreve

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  17. Ai lindona, não sou fã das rotinas. Mas acho que teu texto serve de recado pra quem leva a vida na mesmice e vive reclamando. Pode ser bom arriscar, trocar de opinião, adquirir novos gostos, sair do traçado planejado e fazer algo fora do script. Eu apoio essa ideia. Gostei de texto, um beijão

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Não leio mentes ainda, então não vou saber o que você achou a menos que comente.