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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Embarque.

O dia estava começando e o sol nascera não fazia nem trinta minutos. Estava ali, sentada naquela desconfortável cadeira do saguão do aeroporto e apesar de estar muito cedo, a movimentação ali era bem grande. Olhava para o único relógio que havia por perto e a hora parecia realmente não passar, me deixando cada vez mais angustiada. Quanto menos as horas passavam, mais me dava vontade de fugir daquele lugar e voltar para onde eu nunca deveria ter saído. Mas a vida –ou talvez o destino- me disse que eu já tinha dado o que tinha que dar por ali, que era hora de eu recomeçar minha vida em outro lugar. Talvez um outro país. E eu estava começando a acreditar nisso.
Algumas dezenas de minutos se passaram e som do aeroporto foi aberto, anunciando que os passageiros do voo para os Estados Unidos deveriam encaminhar-se até o portão principal. Me levantei cansadamente e peguei minha bagagem, que até então estava praticamente jogada no chão, ao lado da minha cadeira. Andei alguns metros até chegar na pequena fila que se formava próximo ao portão. Na minha vez, revistaram-me, me pediram o passaporte e encaminharam minhas bagagens até o avião. Dei uma última olhada para trás, e acredito ter deixado escapar um leve suspiro, que fez o homem que estava trás de mim na fila olhar-me com cara de dó. Subi as escadas que ligavam o solo até o avião, e meus passos pareciam pesados. Cada vez que eu avançava um degrau, meu sub-consciente me dizia para largar tudo e voltar. Mas eu precisava ir e no fundo sabia que talvez essa seria a melhor opção.
Entrei dentro da aeronave e passei os olhos em quase todas as poltronas, na tentativa de localizar a minha. Enfim me sentei. O lugar começou a encher de pessoas e cada uma se acomodando em suas respectivas poltronas.
Reparei em cada pessoa que estava ali. Comecei por um homem, que já aparentava ter seus quarenta e poucos anos; folheava um jornal que estava levemente amassado. Lia, com feição preocupada, a página de economia, onde mostrava que o dólar estava em alta. Por um minuto, pude perceber leves traços de desespero em seu rosto. Deveria estar preocupado com negócios.
Ao seu lado, estava uma senhora. Esta já deveria ter passado dos sessenta e estava sozinha. Não parecia estar tão preocupada quanto o homem do jornal, mas tinha em seus olhos uma notável tristeza. Não sei dizer o porquê, mas ela parecia não estar bem. Ela observava o solo, pela janela.
A umas duas fileiras à frente dos dois, estava um casal. Não consegui ver seus rostos, afinal, eu estava mais atrás. Pude notar que eles conversavam com um certo tom de felicidade, provavelmente seriam turistas empolgados com a viagem. Em menos de cinco minutos, a mulher pareceu falar alguma coisa para homem, que não recebeu muito bem o que ela disse. Ele disse algo, que não consegui entender, que fez com que a mulher o xingasse. Cada um virou o rosto para um lado, e evitavam ao máximo qualquer olhar. Confesso que foi um tanto quanto engraçado vê-los ali, parecendo duas crianças de cara virada, uma fazendo mais birra que a outra.
Na poltrona em minha frente, estava uma moça. Loira, cabelos lisos e pele clara; era apenas isso que eu conseguira ver dela. Pelo movimento que seu corpo fazia, ela parecia estar nervosa; levou sua mão aos olhos e em seguida pude vê-la úmida. Provavelmente estaria chorando. Logo em seguida vi que ela lia uma carta. Talvez era esse o motivo de seu choro.
Depois de olhar todas essas pessoas que estavam a bordo, parei um pouco pra refletir. Estava ali, com uma provável preocupação no rosto, como o homem; uma notável tristeza no olhar, assim como a senhora; uma dose de raiva, como a da mulher e um pouco de nervosismo, como a loira à minha frente. E então notei que ali todos tinham problemas, assim como eu; mais graves ou menos importantes, mas tinham. E vi também que por mais que eu brigue comigo mesma, sempre vou estar com problemas, querendo ou não. É natural da vida e nós tinhamos que aprender a lidar com eles.
Respirei fundo e vi o avião decolar. Estava um pouco melhor do que quando havia entrado. Olhei pela janela e o que vi me encantou. A paisagem era absolutamente fascinante, nuvens brancas como a neve, e o céu azul. Tão azul quanto o mar. E então percebi que poderia ,sim, recomeçar minha vida. Aqui ou lá. Da melhor maneira possível. Isso só dependia de mim mesma.

Beijos e me liga para contar do seu embarque :*


PS1: Finalmente um texto que eu tenha gostado de fazer \o/
PS2: Comente, deixe sua marquinha aqui (:

6 comentários:

  1. uaaal. pois é, todos temos problemas. E o seu texto ficou perfeito meu amor *-*

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  2. FINALMENTE \o - e eu gosto de todos, e com esse não poderia ser diferente. Sempre temos problemas, faz parte de tudo, mas o melhor é que também temos a chance de recomeçar e isso só depende da nossa vontade. Beijos minha PEQUENA, que amo <3

    http://anjoslaly.blogspot.com/

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  3. Amada, que tenhas um final de semana repleto de sorrisos largos e dias doces, beijos Meus..

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  4. Sensacional, gostei muito. Parece um pouco com as coisas que escrevo. Beijos, e continue assim!

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  5. Passando pra Desejar uma semana repleta de Felicidades e Sorrisos Largos Beijos Meus...

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  6. Gata, adoro quando te vejo nos coments ahahaha, tu teve a rea;ao que eu queria passar, que otimo! ( to sem acentos e cedilha aqui ...aff)
    Mas entao, vc ja deve saber que tem uma fa ne...bato ponto aqui sempre LOL

    beijosmil e escreva muito!

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Não leio mentes ainda, então não vou saber o que você achou a menos que comente.