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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um por dois. Dois por um.


    De repente a garota sentiu um nó na garganta que se desfez como um laço mal-feito assim que os olhos permitiram que as lágrimas saíssem. Saudade. Nada além de saudade. Como se fosse pouco e não bastasse. Sentia-se assim já havia um tempo e sabia muito bem que, no fundo, isso não passaria tão rápido. Sentia falta; muita falta. Saudade torna ainda mais vulnerável aquilo que já é por si só frágil.
    Chovia bastante quando a menina miúda, do rosto pequeno e do cabelo ralo decidiu engolir o choro. Como num rápido surto, apanhou o casaco fino de linha e, sem dar a mínima para os ponteiros do relógio que mostravam já ter passado das onze da noite, abriu a porta e cruzou-a numa fração de segundo. O chão de paralelepípedo estava um pouco escorregadio por conta da água que caía desde que o sol se pôs. Começou caminhando lentamente, deixando que cada gota pesada que caía do céu molhasse sua roupa. Cruzou os braços apertando-os contra a barriga. O cabelo começara a ficar úmido e algumas mechas já encharcadas passaram a grudar na bochecha branca e fria da garota. Estava frio, ela admitiu a si mesma.
    Andou por umas duas ou três quadras até parar no meio-fio e decidir ali se sentar. A esta altura, estava aos pingos e sua pele tinha perdido parte da pouca cor que tinha. Unhas e boca, ambos roxeados. Uniu os dois joelhos e abraçou-os, olhando fixamente para a frente. Para a casa da frente. Para a janela da casa. Para o que estava atrás dela. No fundo, a menina sabia que o encontraria ali. Sempre o encontrara ali. Sentiu novamente o nó na garganta. Pausou a respiração por vagos três segundos e voltou a respirar. Estavam tão perto, porém tão distantes. Como se ela estivesse em cima do palco, e ele na última poltrona da plateia.
    Sentiu vontade de correr até a porta, abrí-la bruscamente e abraçá-lo assim como desejara a tanto tempo. Passou a palma da mão abaixo do olho, na tentativa de enxugar aquilo que ela não sabia ser chuva, ou simplesmente lágrima.
    A garota foi invadida por uma dose relevante de adrenalina e notou-se decidida a correr para lá. Fechou os olhos, mordiscou o lábio inferior e soltou um sorriso travesso ao imaginar a surpresa que faria. Pronta para levantar, abriu os olhos. No instante em que avistou a janela novamente, notou a luz, que até dois segundos atrás estivera acesa, agora apagada. Não havia ninguém ali. A casa estava abandonada, vazia, silenciosa e escura. Nunca estivera com gente, não a pelo menos um ano.
    Foi então que notou ter sido levada pela força da saudade. No fundo, a menina sabia não o encontraria ali. Nunca o encontrara ali. Ele estava longe demais para que isso acontecesse.

Beijos e me liga para contar das vezes em que você pensou ter visto alguma coisa :*

PS1: Sempre compartilho tudo com vocês, então queria manifestar minha alegria também. Na última quarta-feira (09) estreamos nossa peça do curso de Teatro. Foi fantástico, absolutamente maravilhoso e carrego lembranças perfeitamente inesquecíveis daquele dia. Se quiserem as fotos, é só me adicionarem no facebook.
PS2: Acho que puderam perceber que o blog mudou um pouquinho. Afinal, o Natal tá chegando e se existe uma coisa que eu adoro fazer, é decorar o blog para essa época. Opiniões são sempre muito bem vindas e eu adoraria que vocês dessem a de vocês.
PS2: Comente, deixe sua marquinha aqui :)

9 comentários:

  1. Escrevendo lindamente como sempre *----* aiai.
    Bom, hoje vim aqui, não só para bisbilhotar, mas também para te desejar Feliz Aniversário, que tudo de melhooor aconteça daqui por diante; felicidades e aquelas coisas todas de aniversário ;p
    Não abandona isso aqui, nunca nunca, porque fará falta demais .-.

    beeeijo e Parabéns!

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  2. Nooossa! Amei a história. Já me senti como a menina, como se voltar para um lugar ou reviver a cena mentalmente pudesse fazer com que alguém ainda estivesse presente nesse mesmo lugar ou voltasse para nos encontrar ali.
    Sei lá. Sei que é difícil aceitar que aquela pessoa nunca mais vai nos abraçar ou nos fazer raiva e que a única coisa que fica pra sempre é a saudade.
    Às vezes queria que fosse diferente, que nunca tivesse conhecido, mas penso nos bons momentos e percebo que eles compensam. Até mesmo a saudade compensa.

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  3. Gostei bastante do seu texto, mas acho que a conclusão poderia ter sido melhor!
    Queria saber quem é você, de onde me conhece, como descobriu meu blog, essas coisas... Gosto de seus comentários e vim agradecê-los!
    Você é de Curitiba? Se sim, diga-me onde fazes teatro e quando se apresentará para que eu possa vê-la!
    Abraços!

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  4. Obrigada por sua visita! Seu blog tá lindo sim e essa danada da saudade sempre nos rende bons escritos, como este seu!
    Seja sempre bem vinda!
    Aproveita: tem promoção no meu blog pra todos que seguem e me dedicam carinho! =)

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  5. Cada detalhe, me dá um suspiro ao ler, vc transparece cada sentimento.
    Lindo.

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  6. Legal quando entramos na história com um intuito apenas de imaginar. Quanto sentimento doce. Lindo isso moça, continue!

    Te segui no twitter! :)

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  7. Que lindo! Já cheguei a sentir tanta saudade de alguém que esse alguém sempre aparecia nos meus sonhos e parecia tão real.
    A saudade é um sentimento traiçoeiro ne flor.

    Lindo texto!

    Beijos

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  8. Parabéns pelo blog Sophia, adorei mesmo, você escreve muito bem heheh :D

    http://www.caiquemedeiros.com/

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  9. Esse texto me fez imaginar cada palavra escrita
    me fez pensa nos momentos descritos ...
    super criativo e interessante,
    são palavras doces e agradáveis de se ler !

    gostei bastante de ler, ta de Parabéns Yasmin :)

    Abraço !!

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Não leio mentes ainda, então não vou saber o que você achou a menos que comente.